segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

H2O

Água, direito de todos!
No momento em que  há uma discussão sobre a água e o esgoto em nossa cidade, nosso blog não poderia ficar alheio ao tema. Nosso vizinho pais "hermano" sabiamente considerou por força de lei a água como bem de todos. Um direito fundamental a todos os orientais!
... " acceso  al  agua  potable  y  saneamiento  son  derechos  humanos  fundamentales" y  que  "El  servicio  público  de  saneamiento  y  el  servicio  público  de  abastecimiento  de  agua  para  el  consumo  humano  serán  prestados  exclusiva  y  directamente  por  personas  jurídicas  estatales" (Art. 47 da Constituição Uruguaia)
Em nosso pais, onde a privatização da água corre frouxa, mas dissimulada; vendida a peso de ouro em garrafas PET (que além de poluirem custam caro) e sabe lá onde e como foram engarrafadas, volta e meia  surgem vozes contra os orgão estatais de distribuição de água como a Corsan. Que melhor seria entregar para o capital privado!
Multinacionais como a Coca Cola estão comprando na América Latina (e principalmente no Brasil) terras que possuam manaciais, nascentes e/ou aquifero. Eles sabem, baseados em relatórios da CIA e de outras agências norteamericanas que no século XXI quem detiver as fontes de água, será dono do mundo!
O Brasil possui 14% das reservas de H²O do mundo. Olhando por uma ótica capitalista: é muito dinheiro!

As perspectivas (...) indicam um cenário de escassez da água até o ano 2050 (revista Veja dez/98):

Previsões
1999
2050
População Mundial
6.0 bilhões
9.4 bilhões
Suficiência
92%
58%
Insuficiência
5%
24%
Escassez
3%
18%


  O texto a seguir é do meu colega ambientalista Eng. Agron. Darci Bergmann fundador da ASPAN (Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural, São Borja - RS - Brasil)

A nossa água. Alerta Brasil

Por Darci Bergmann

Em nosso país vem acontecendo uma realidade que precisa de mais atenção da sociedade: trata-se da questão da água. De uns tempos para cá, em todo o mundo, já existem sinais de que esse bem de consumo vital, é alvo da cobiça de grupos poderosos. No Brasil não é diferente. A legislação estabelece que os municípios tem a concessão do abastecimento público da água, assim como dos resíduos sólidos e efluentes líquidos. Os municípios também podem terceirizar esses serviços, com prazos definidos. Sempre faltaram recursos para a estruturação desses serviços de forma adequada para populações cada vez maiores. Houve um tempo em que as empresas privadas ainda não tinham grande interesse na exploração dos serviços de abastecimento de água, nem tampouco na coleta e destinação dos resíduos de qualquer natureza.

Tal situação levou os estados brasileiros a investirem na criação de companhias públicas de água e saneamento e a CORSAN foi modelo para muitas delas. A universalização do abastecimento público da água também foi decisiva e alavancou recursos para o setor. No que tange aos serviços de abastecimento de água, a maioria das cidades brasileiras está servida de forma regular e com água própria para o consumo. Tanto é assim que os índices de mortalidade infantil caíram drasticamente, ajudadas por programas como os da Pastoral da Criança e sua similar da Saúde. Existem, é claro, ainda muitas regiões com dificuldades nessa área. Mas foi graças aos estados e suas companhias de água, políticas públicas adequadas e iniciativas privadas de solidariedade que o Brasil melhorou muito. Tal melhoria se deu sem a visão de lucro sobre o bem público água.

Na questão da coleta e tratamento do esgoto cloacal a realidade é outra. Os investimentos são mais volumosos. E agora com a universalização desse setor, os recursos públicos começam a fluir mais. E as corporações privadas estão ávidas para abocanhá-los. Juntos, os serviços de água, coleta e tratamento de esgoto representam uma atraente arrecadação mensal garantida pela população das cidades. Para isso, essas corporações montam estratégias para causar uma boa impressão junto à opinião pública e por conseguinte aos políticos de visão imediatista. Embora o setor de esgoto cloacal seja o de maior investimento, o que as corporações privadas querem é mesmo abocanhar o setor da água pública. O esgoto pode até correr pela sarjeta. Dá mau cheiro e um aspecto desagradável, polui os rios e o solo e pode transmitir doenças. Mas nada disso se compara à falta de água potável. Água é um bem essencial e por isso mesmo não deve ser considerado mercadoria como querem alguns. Devemos tratá-la como um bem precioso, que deve ser utilizado sem esbanjamento. Também não deve ser instrumento de cobiça e concentração de poder nas mãos de poucos.

Na minha opinião, existem três setores em que o estado precisa atuar com prioridade: saúde, educação e água públicas de boa qualidade. Há quem inclua outros setores. Não incluí a coleta e o tratamento de esgoto porque esses serviços podem ser feitos de forma descentralizada. Hoje temos tecnologia que permite o tratamento de esgoto desde uma residência, um quarteirão, um bairro sem depender de grandes áreas físicas. Passou-se o tempo em que era preciso transportar esgoto de uma a outra ponta da cidade, fazendo valetões e crateras. Em alguns casos essas práticas ainda são necessárias. O esgoto pode ser coletado e tratado no local onde ele é gerado. Uma simples fossa séptica, dessas com brita e areia, já realiza um estágio de tratamento. Já vi pessoas com mansões e carros de luxo que não investem um centavo na instalação desses dispositivos de tratamento e largam os dejetos no esgoto cloacal. Depois reclamam soluções do poder público e talvez queiram que o município passe à iniciativa privada esse tipo de serviço e aí incluída a concessão dos serviços de abastecimento de água.

Com a água essa descentralização também é possível em parte. Existem moradias que já dispõem de captação e tratamento da água das chuvas ou de poços, tornando-a potável dentro dos padrões normais. Isso auxilia o abastecimento público de alguma forma. Mas é preciso ter em mente que num mundo de população crescente e mudanças climáticas a disponibilidade dessas fontes de água pode ficar comprometida. É o que já está acontecendo. A tal ponto que em alguns países um barril de água equivale o preço de um barril de petróleo. Isto que água é um recurso natural renovável e o petróleo não.

Voltemos às estratégias das corporações. Elas sabem que um esgoto correndo a céu aberto é prato cheio para chamar atenção. Alardeiam incompetência do estado e das suas companhias de abastecimento e fazem terrorismo sobre doenças transmitidas pela falta de coleta e tratamento do esgoto. Isto agora, quando as verbas públicas começam a aparecer. Antes se metiam em outros filões de mercado, tipo petróleo, financeiro, transporte, bens de consumo e por aí afora. Mostram-se boazinhas para resolverem os problemas de mau cheiro e parecem resolver todos os problemas de saúde pública. Perdoem-me a frase que me disse alguém, mas ela se tornou real: se merda valer dinheiro o investidor aparece.

As corporações agem com muita sutileza. Primeiro, é preciso abalar a credibilidade das companhias estatais, com coisas pontuais, tipo buraco e valetas mal tapados, vazamento de água aqui e acolá, esgoto a céu aberto, doenças geradas pelo esgoto sem tratamento e outras mais. Depois, apontar as soluções com projetos elaborados por equipes capacitadas e oferecê-los aos prefeitos e vereadores. A metodologia se encaixa em todos os municípios. Existem até equipes de advogados especializados que fazem todo o roteiro de como encaminhar o expediente. A repetição das ladainhas dos problemas e falhas vai ao legislativo, ao executivo e à imprensa e vira ódio contra a companhia estatal como se ela fosse a responsável por todas as mazelas de uma cidade. Projetos fracassados dos prefeitos são esquecidos, o excessivo número de cargos de confiança não é problema, gastança com propaganda na mídia não é problema. Agora o alvo é a companhia de abastecimento de água e saneamento.

Nada é feito para melhorá-la. Alguns deputados também metem o bedelho e querem tirar proveito eleitoreiro do caso. Essa gente toda esquece que por muitos anos essa mesma estatal foi a que trouxe água e fez investimentos que melhoraram a saúde pública. Ao invés de execrá-la deveriam agora juntar esforços e propugnar por mais recursos e resolver também o problema de coleta e tratamento de esgoto. Isto pode ser feito até pelas prefeituras, em parte. Podem-se buscar alternativas de gestão compartilhada entre União, Estado e Município nessa área, como uma espécie de SUS do saneamento básico.

Há também a possibilidade de concessão compartilhada. Por exemplo, se o problema é de esgoto, mas não de abastecimento de água, não é preciso passar a concessão de água, por prazos absurdos de 25 a 30 anos a um grupo privado. Pode-se pensar na concessão do serviço de coleta e esgoto a mais de uma empresa e manter o controle estatal da água. Impraticável? Para mentalidades retrógradas, sim. Para administradores sérios no mínimo uma questão a ser estudada. Isto já é realidade em várias cidades em outros países.

Tenho ouvido referências de que as empresas privadas são mais eficientes que as públicas. Isto não é verdadeiro na maioria dos casos. As empresas públicas podem, sim, ser eficientes. E o estado pode ser eficiente se o quiser e se a sociedade também o quiser. O que precisamos é acertar na escolha dos nossos mandatários e legisladores, tirando de cena os corruptos e todos aqueles que usam a máquina pública em proveito próprio. Em toda a minha fase de aprendizado passei por instituições públicas* estaduais e depois federal. Agradeço ao povo do meu País por isso.

Os que almejam desestruturar as companhias de água dos estados, talvez remetam à concessão das corporações as nossas escolas, as nossas universidades estaduais e federais, os postos de saúde, as nossas ruas e tudo o mais que for possível. Até o oxigênio que respiramos.

Mas lembrem-se esses comissários das corporações do que aconteceu nos Estados Unidos em 2009. Lá grandes empresas privadas quebraram pela sua incompetência e devido às tropelias da economia. Depois, os antes liberais e arrogantes executivos dos carrões de luxo, foram bater às portas do tesouro, depositário dos impostos do povo norte-americano. Aí então o estado é lembrado. Como sempre, a sociedade como um todo então paga as contas. Lá e cá, a questão é a mesma.

Nunca fui funcionário público. Exerci até função em cargo de confiança e sei o que se passa nos dois lados do balcão. Reclamo por serviço mal feito seja ele da prefeitura, do estado, da união, da companhia de água ou mesmo de uma empresa particular. É um direito meu. Até para exercer esse direito quero ter uma companhia estatal de abastecimento público de água que tenha um gerente na minha cidade. Que ouça as minhas reclamações, os meus protestos, por uma questão de cidadania.

Não é o que acontece com algumas concessionárias privadas de telefonia. Cobram uma taxa fixa aqui de quase sessenta reais mensais, por serviços não realizados, o que é ilegal e a ANATEL, agência reguladora, nada faz para mudar isso. Milhares de usuários estão entregando as linhas de telefonia fixa por esse motivo. É uma espoliação. Em qualquer reclamação, a gente parece um idiota ouvindo as gravações que nos torram a paciência. Na verdade essas empresas gigantescas estão se lixando para uma pessoa comum. O que lhes interessa é apenas o lucro. No outro lado da linha, não tem um gerente, talvez tenha um robô. Mas nós somos ainda de carne e osso. Temos sangue correndo em nossas veias e artérias e queremos ser tratados como gente, não como máquinas.

Por essas coisas, eu desconfio das promessas de melhoria dos serviços de abastecimento de água nas mãos dessas corporações. Falar que as tarifas e qualidade dos serviços dessa turma serão fiscalizados por agência reguladora é outra balela. Uma comissão nomeada por um prefeito é vulnerável às pressões da concessionária. Passa muito dinheiro nesses canais. E aí mora o perigo.

Sinceramente, com todas as falhas, eu ainda sou pela manutenção dos serviços de abastecimento de água nas mãos das nossas companhias estaduais, uma conquista dos brasileiros de diversos estados.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Levantamento Fitogeográfico no Município de Jaguarão – RS – Brasil

Levantamento Fitogeográfico no Município de Jaguarão – RS – Brasil
       O Instituto Meridionalis de Estudos da Flora, junto com o professores e alunos dos cursos de Geografia e Biologia da UFPEL (Universidade Federal de Pelotas- RS) está disponibilizando alguns dados preliminares acerca do estudo que está sendo realizado em nossa cidade:   
       Informações Gerais
       Este levantamento vem contribuir para  o maior conhecimento sobre as espécies nativas e exóticas existente no município – perímetro urbano-, como suas características em seus diferentes estágios estratigráficos. A partir da catalogação e da quantificação das espécies vegetais, estar-se-á concluindo o banco de dados com informações, as quais ficarão disponíveis para consulta de pesquisadores e da comunidade, subsidiando, de forma expressiva, a implantação do Horto Botânico de Jaguarão.
       Objetivos
       Fazer um levantamento fitogeográfico das espécies nativas e exóticas da área urbana de Jaguarão – RS;
       Catalogar e quantificar as espécies  vegetais em seus   diferentes estágios estratigráficos;
       Contribuir para a montagem de um acervo de espécies, as quais subsidiarão a implantação do horto florestal em Jaguarão.
       Resultados preliminares
       Até o momento, foi inventariado um total de 2.364 espécies, das quais, o Cinamomo (Melia azedarach) aparece com maior expressividade na área de estudo, seguida pela Aroeira Mansa e  Jacarandá Mimoso . Os dados podem ser observados na Tabela 01 a seguir:

Tabela 01-  Percentual de espécies arbóreas com maior ocorrência na área inventariada, em praças, ruas e avenidas do município de Jaguarão – RS

Nome Comum
Nome Científico
Origem
Frequencia Geral (%)
Cinamomo
Melia azedarach
Exótica
21,82
Aroeira Mansa
Schinus terebinthifolius
Nativa
19,75
Jacarandá Mimoso
Jacaranda mimosiifolia
Exótica
11,62
Orelha de Negro
Enterolobium contorstisiliquum
Nativa
3,38
Anacauita
Schinus molle
Nativa
3,30
Ligustro
Ligustrum lucidum
Exótica
2,36
Fonte: Instituto Meridionalis de Estudos da Flora



Detalhe do fruto do cinamomo - Foto Ronaldo Osterman

Detalhe do fruto e folhas da Anacauita. Foto: Ronaldo Osterman

Detalhe da semente da Orelha de Negro. Foto: Ronaldo Osterman
Breve descrição das espécies, com maior ocorrencia, até agora inventariadas
Ligustro
Nome científico: Ligustrum lucidum W.T Aiton
Nome vulgar: Alfeneiro
Família: Oleaceae
Origem geográfica: China
Usos: ornamental. Por ser rústica é indicada para ruas e avenidas.
Fenologia:  Floração: primavera/verão; frutificação: outono
Cultivo: reprodução por sementes e estacas de caule, alporquia ou rebrote das raízes.
É muito comum na região sul, por isso é também chamada de “pé-de-praça” ou “árvore-de-prefeito”. Seu pólen pode causar alergias em pessoas sensíveis. 





Cinamomo:
Nome Científico:  Melia azedarach L.
Nome vulgar: Paraíso.
Família: Meliaceae
Origem geográfica: Himalaia: Índia e China
Uso: indicada para vias públicas e praças. Excelente madeira para móveis finos. É considerada tóxica. De suas folhas e frutos é feito um chá que serve como inseticida natural para  moscas (espanta-as), pulgões e cochonilhas.
Fenologia: floração: primavera; frutificação: outono, inverno e primavera.
Cultivo: semear de 2 a 3 sementes por saco plástico com bastante umidade e 1 cm de solo de cobertura.
Essa espécie tornou-se uma severa  invasora no Brasil e em Cuba. Uma particularidade: o cinamomo sempre foi prejudicado pela absurda poda tradicional vigente em nosso estado.

Aroeira Mansa
Nome científico: Shinus terebinthifolius Raddi
Nome vulgar: Aroeira-vermelha, aroeira branca
Família: Anacardiaceae
Distribuição  geográfica: Uruguai, leste da Argentina, Paraguai e Brasil (Do Rio Grande do Sul até Pernambuco e Mato Grosso do Sul).
Usos: cascas, frutos e folhas são usados  na medicina popular. Madeira resistente pode ser usado na confecção de moirões. Lenha.
Fenologia: floração: novembro-março. Frutificação: dezembro-julho.
Cultivo: Semear em viveiros. Germinação  em 15-20 dias. Repicagem aos 10 cm de altura. Plantio após 4 meses. Também propaga-se por estaquia.


Orelha de Negro
Nome cient.: Enterolobium contorstisiliquum  

Nome vulgar:  timbaúva, tamboril, orelha-de-macaco
Família: Leguminosae (Fabaceae)
Origem geográfica: Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil (Pará, Goiás, Mato Grosso para o sul até o Rio Grande do Sul)
Usos: Para celulose, forrageira e apícola. Confecção de gamelas.
Fenologia: Variável, conforme a região. Floração: (julho-março) setembro-novembro. Frutificação: junho-julho (maio-outubro).
Cultivo: Semear em sacos plásticos individuais. Antes a sementes devem ser escarificadas. A germinação leva de 4-60dias. Quando a planta atingir 4 cm, repicar. Plantar definitivamente quanto a mesma tiver de 3 a 4 meses. Pode ser feita também estaquia de  ramos e raízes.


Anacauita
Nome científico: Schinus molle L.
Nome vulgar: Aroeira-salsa, aroeira-piriquita, aroeira-mole.
Família: Anacardiaceae
Origem geográfica: Brasil (de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul) e América do Sul (do centro da Argentina e Uruguai até o Caribe)
Usos: Melífera e ótima para a avifauna. Muito usada na medicina popular, principalmente folhas, cascas e resinas. O fruto substitui bem a pimenta e se fermentado produz tipo de bebida alcoólica. Por ironia, atualmente os frutos, dessa espécie nativa, são importados da Ásia como iguaria exótica.
Fenologia: floração: agosto-novembro. Frutificação: dezembro-março.
Cultivo: Semeadura em canteiros. Germinação em 30-120 dias. Transplante de mudas em embalagens individuais a partir de 25-40 cm de altura.  Após 6 meses plantar em definitivo.




Jacarandá Mimoso
Nome científico: Jacaranda mimosiifolia Don.

Nome vulgar: Jacarandá Mimoso
Família: Bignoniaceae
Origem geográfica: Norte da Argentina e Sul da Bolívia.
Uso: ornamental, podendo ser usado em todas as situações urbanas: praças, parques, canteiros.
Fenologia: Floração: primavera; frutificação: verão
Cultivo: por sementes; de crescimento rápido. As sementes devem ser colocadas a germinar logo após a colheita. Elas germinam em 8  a 12 dias.
Espécie muito cultivada também no sul da África e sul dos EUA. Rústicas, suas flores roxas ao caírem formam o belo tapete sobre as calçadas e gramados.

Fonte:
Árvores cultivadas no sul do Brasil – Guia de Identificação- Paulo Backes e Bruno Irgang
Árvores do Sul - Guia de Identificação- Paulo Backes e Bruno Irgang

sábado, 13 de novembro de 2010

Espécies Exóticas


As espécies exóticas são, hoje em dia, a segunda causa da perda da diversidade biológica do planeta (a primeira é a destruição de habitats feita pelo homem). Isso causa aos países problemas ambientais, econômicos e sociais.
De acordo com 2ª Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica define-se espécie exótica como uma espécie fora de sua área de ocorrência; já espécie exótica invasora é definida como uma espécie que ameaça ecossistemas, habitats ou espécies. Segundo a pesquisadora Sílvia Ziller, do Instituto Hórus, espécies exóticas invasoras não apenas sobrevivem e se adaptam ao novo meio, mas passam a exercer processos de dominância sobre a biodiversidade nativa. Alteram características naturais e o funcionamento de processos ecológicos, incorrendo em quebra de resiliência de ecossistemas naturais, redução de populações de espécies nativas e perda efetiva de biodiversidade.
O grande problema das espécies exóticas invasoras é que não tendo predadores, para limitar sua população, elas se expandem afetando o ambiente, a saúde e a economia. “Os métodos de controle e erradicação variam de acordo com cada espécie e precisam envolver princípios éticos, afinal as espécies não têm culpa de estar num ambiente fora de casa”, diz Sílvia Ziller
Segundo o Secretariado de Convenção sobre Diversidade Biológica, as espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde 1.600 com 36% dos animais extintos.
O modelo globalizado do mundo (por exemplo: meios de transportes mais rápidos) de hoje favorece a que espécies exóticas se propaguem por todos os lugares, transformando-se num fenômeno a nível mundial.
Vejamos alguns que estão presentes na bacia do Rio Jaguarão e Lagoa Mirim:
Mexilhão Dourado
Nome científico: Limnoperna fortunei
O uso de água armazenada nos grandes navios marítimos para obter maior estabilidade, ajudar na propulsão e em manobras, a chamada “água de lastro”, é o principal meio de introdução de organismos marinhos em ambientes aquáticos, tanto marinhos como de água doce. Em todo o mundo são transferidas anualmente cerca de 12 bilhões de toneladas de “água de lastro”, que transportam aproximadamente 4.500 espécies diferentes. No Brasil, aproximadamente 95% de todo o comércio exterior é feito por via marítima e estima-se que 40.000 navios visitem os portos brasileiros anualmente, deslastrando 40 milhões de toneladas de água por ano (Silva & Souza, 2004). Pela “água de lastro” a espécie de bivalve de água doce Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) foi introduzida no estuário do rio da Prata, em 1991, provavelmente trazido por navios da Coréia e Hong Kong (Pastorino et al., 1993).
(Extraído do Doc. 64, de dezembro de 2004 - EMBRAPA
Área de ocorrências do mexilhão dourado no Brasil  (fonte:www.mma.gov.br/aguadelastro)

O mexilhão-dourado mata o junco (Scirpus californicus) envolvendo a raíz e apodrescendo a planta. Também ataca aguapés. Mata por sufocamento moluscos nativos como Pomacea canaliculata (caramujo). Desde de sua invasão na Bacia do Prata, a densa colonização de Limnoperna fortunei em subtratos duros modificou a presença e abundância de vária espécies nativas de macroinvertebrados, homogenizou o habitat e alterou a dieta de peixes mudando totalmente a dieta, dos mesmos, devido à introdução do molusco. A invasão pelo mexilhão dourado altera rapidamente as comunidades bentônicas, favorecendo assim o assentamento de outras espécies com potencial invasor.

 Mexilhão dourado fotografado pelo autor na foz do Rio Jaguarão /Rs


Javalí
Nome Científico: Sus scrofa scrofaFamília: Suidae
Origem: Continente Africano
Palavra de origem árabe, "djabali", significando porco montanhês. Na Argentina foi introduzido em 1914 e 1916 por Pedro Luro na estância San Huberto, província de La Pampa.


Em nossa região causa grandes problemas em lavouras de arroz. Segundo notícia vinculada na Folha do Estado de São Paulo, do dia 16/maio/2005, pesquisadores do Inst. Hórus acreditam que a invasão desse animal no Rio Grande do Sul, deu-se, em 1989, pelo Rio Jaguarão, durante uma grande estiagem.

A Bacia da Lagoa Mirim


Anoitecer na Lagoa Mirim
Localização: Entre os paralelos 31° 30’ e 34° 30’ Sul e entre os meridianos 52° e 56° Oeste.
Superfície (aproximada): 62.250 Km², sendo 29.250 Km² (47%) no Brasil e 33.000 Km² (53%) no Uruguai. Por isso a Bacia da Lagoa Mirim é chamada de transfronteiriça com regime de águas compartilhadas (Tratado de Limites de 1909 e Tratado da Lagoa Mirim de 1977).

A Lagoa Mirim está subdividida em 8 bacias hidrográfica menores. São elas:
Do lado brasileiro:
Bacia do São Gonçalo com 9.147 Km², sendo o principal afluente o Rio Piratini;
Bacia do Arroio Grande com 4.080 Km², incorporando o Arroio Grande e o Chasqueiro.
Bacia do Litoral com 6.416 Km² onde estão localizados o Banhado do Taim, a Lagoa Mangueira e outras menores.
Do lado uruguaio:
Bacia do Tacuari com 5.143 Km²
Bacia do Cebollati com 17. 328 Km²
Bacia do Sarandi com 1.266 Km²
Bacia do São Miguel com 6.933 Km²

Na divisa entre o Brasil e o Uruguai
Bacia do Rio Jaguarão com 8.188 Km²


N° de habitantes: em torno de 1 milhão
Principais cultivos: arroz irrigado e pecuária
Somente a Lagoa Mirim, que é o principal corpo d’água da Bacia , possui uma área aproximada de 3.750 Km² sendo 82% da mesma no Brasil e 18% no Uruguai.
Extensão (aproximada): 185 km
Largura média: 20 km
É 3° lago em extensão da América do Sul.
Foi declarada pela FAO como Reserva Mundial de Água Doce.
Início de noite e biguás (Phalacrocorax b. brasilianus) - Lagoa Mirim 

Como se formou a Lagoa Mirim ?
Até a formação atual a Lagoa Mirim sofreu vários eventos paleogeográficos. Sua gênese está associada “às barreiras depositadas ao longo da faixa costeiras, originadas de sedimentos trazidos por correntes de litoral e acumuladas pela dinâmica praial.
Segundo Schwarzbold aconteceram os seguintes eventos (citando os mais importantes):
“Há 230 mil anos o degelo elevou o nível do mar a 20 m acima do atual, fazendo com que as águas entrassem continente à dentro. Essa extensa área submersa foi retrabalhada em condições praiais e marinhas rasas, tendo contribuição do material sólido erodido continental, configurando um perfil de fundo e iniciando a formação de uma barra na direção sul (a partir de Pelotas). O período glacial seguinte criou as condições para a ocorrência de seqüências de deposição de emersão. Posteriormente, o interglacial Yarmouth, originou nova submersão continental, mas em menor intensidade que a anterior, sendo que a reinundação da região ocorreu através da barra ao sul. A ação erosiva sobre a barreira originou uma segunda deposição de águas rasas, originando uma segunda barreira e obstruindo a barra ao sul e isolando a laguna Mirim do oceano. Há 150 mil anos, o fundo da laguna foi aplainado pelo assoreamento dos sedimentos marinhos. Há 80 mil anos, na última transgressão marinha pleistocênica, a elevação do nível do mar foi menos intensa (cerca de 8 metros acima do nível atual), não permitindo a ultrapassagem das barreiras formadas anteriormente. Neste evento, a laguna Mirim permaneceu isolada do mar, sem a ocorrência de ingressão marinha. O glacial Wiscosin, que ocorreu de 60 mil até há 16 mil anos, provocou um rebaixamento no nível do mar para – 100 metros. Neste evento houve o rompimento e erosão parcial da restinga, servindo de vertedor à laguna Mirim, onde hoje se encontra o Banhado do Taim e as lagoas Nicola e Jacaré. Já no Holoceno, onde as oscilações de nível do mar são restritas, a transgressão Flandriana atingiu seu máximo há seis mil anos, com o nível do mar elevando-se a 5 m acima do atual e havendo intrusão na laguna Mirim através do Taim. Ocorreram amplas deposições na margem litorânea, apesar de baixas, construindo feixes de restinga sobrepostos aos depósitos pleistocênicos, em linhas paralelas à costa, na direção sul.
Mangrulho da Lagoa Mirim


Este processo foi repetido durante as três próximas transgressões holocênicas. O crescimento dos feixes de restinga, para o sul, desviou o vertedor da laguna Mirim, no Taim, originando um longo canal de escoamento semilagunar. A continuação desse processo culminou com o fechamento da ligação da laguna com o mar, pelo Taim, originando a Lagoa Mirim, que permanece isolada até a atualidade. A Lagoa Mirim, auxiliada pelos fortes processos erosivos impostos
pela Lagoa dos Patos aos terraços pleistocênicos, acabou por estabelecer um canal de interligação, atualmente denominado de São Gonçalo, e que constitui, hoje, o exutório da Lagoa Mirim para a Lagoa dos Patos.”
Conforme o exposto no texto acima, a Lagoa Mirim já teve uma ligação com o mar e ela estava situada entre o Taim e o norte da Lagoa Mangueira.
Glossário:
Interglacial Yarmouth: Penúltima interglaciação ocorrida a 435.000 ap. O termo Yarmouth é relativo a uma região do estado norte americano de Yowa.

Pleistocênica: A época Pleistocena sucede a época Pliocena e precede a época Holocena, ambas de seu período. Divide-se nas idades Pleistocena Inferior, Pleistocena Média e Pleistocena Superior da mais antiga para a mais recente. Nesse período houve as variações mais drásticas de clima e temperatura.

Glacial Wiscosin: Última glaciação, ocorrida a cerca de 10.000 anos a.C
Holoceno: O Holoceno inicia-se com o fim da última era glacial principal, ou Idade do Gelo. Iniciou há cerca de 11.500 anos e se estende até o presente.

Flandriana (Transgressão Flandriana): Nesse período, ocorrido entre 4.000 a 5.000 anos AP. (antes do presente), o mar, num rápido avanço, em decorrência das mudanças climáticas ocorridas durante o glacial Würm e o princípio do degelo das calotas polares, trabalhou a parte superficial dos sedimentos continentais antes depositados, resultando na formação de uma camada de areias litorâneas transgressivas.
FONTE: Wikipédia