terça-feira, 27 de maio de 2014

CACTÁCEAS DO RIO GRANDE DO SUL

CACTÁCEAS DO RIO GRANDE DO SUL - GÊNEROS
 
"Eu quero o amor da flor de cactos ela não quis...”
A cactofilia
A cactofilia (paixão pelos cactos) é uma virose de carácter  benigno, pouco conhecida em nosso meio, porém  muito difundida nos países  desenvolvidos .  Até agora não foi relatado  casos fatais na literatura mundial, mas   sua incidência e maior a cada dia, segundo informações recentes.
O contágio acontece ante a presença de um ou várias plantas da família cactácea e quando o agente causal (leia-se cactos)  se encontra em flor, é muito difícil não contrair a enfermidade. Paradoxalmente as espécies pequenas  são mais virulentas que as espécie de grande tamanho, com exceções.
Parecem indicar, pesquisando o passado, que desde o descobrimento da América, os europeus adquiriram esta virose, que  teve característica de epidemia na Inglaterra do século  XVIII  e  posteriormente  na França e Alemanha do século  XIX. A partir do século  XX,  em decorrência do desenvolvimento das comunicações  a endemia é a nível mundial.
Curiosamente, no  continente americano, de onde são  oriundos os agentes causais  desta virose (os cactos), os latino-americanos são aparentemente imunes, por isso  os poucos casos reportados são atribuídas a migrações do exterior. Em contrapartida nos EUA e Canadá a incidência é similar  ao do Velho Mundo, por razões genéticas.
São conhecidas várias formas clínicas:
Em casos leves, os  cactofílicos se contentam em cultivar algumas plantas dessa  família e ainda aprender seus complicados nomes em latim.
Nos casos agudos, os cactofílicos sentem a  imperiosa necessidade  de realizar peregrinações a conhecidos  santuários  de cactos (...).
Manifestações mais severas convertem os enfermos em viciados, que compulsivamente tratam  de obter todas as formas  de cactos que  existem, em torno de 120 gêneros e umas 2.000 espécies.
Formas mais avançadas de  cactofilia, os enfermos se agrupam em   clubes ou associações (...) para intercambiar experiências e informações sobre descobertas de novos objetos de culto (cactos), os quais publicam em boletins ou revistas.
Como acontece com a maioria das viroses, não existe um tratamento efetivo para  a cura e as tentativas para conseguir uma vacina anti-cactofílica fracassaram categoricamente, como no caso da gripe comum devido a grande diversidade de agentes patógenos, a saber, os cactos.
Carlos Ostolaza Nano
Membro da Sociedad Peruana de Cactus y Suculentas
Tradução: Hélio Ramirez

 
1.  Os Gêneros
1.1 - Gênero Brasiliopuntia  (K.Schum.) A.Berger
Compreende uma só espécie (Brasiliopuntia    brasiliensis   (Willd.) A.Berger  (1926)). O gênero foi desmembrado  de  Opuntia, em 1926 pelo botânico alemão  Alwin Berger  (Möschlitz, Schleiz, Thüringen, 28 de agosto de 1871 — Stuttgart, 20 de abril de 1931).  O termo opuntia deriva, provavelmente de Opuntium, uma antiga localidade grega, onde segundo  Tournefort,  cresciam plantas semelhantes  a cactos (possivelmente cardos). O gênero Brasiliopuntia  se difere do opuntia por apresentar tronco e copa definidos (semelhantes a árvores), ramos  caducos e pela estrutura do pólen.
Descrição:
Cactos de porte arbustivo  podendo alcançar  4 m de altura. Tronco habitualmente único que se lignifica com a idade, carecendo  de  segmentos. As  aréolas distanciadas  entre si; 1 a 3 espinhos  de  3 a 6 cm.
Ocorrência:  Brasil, Argentina, Paraguai   e Bolívia.
Sementes: Cinco  grandes sementes por fruto, cada um com até  1 cm de diâmetro.
Flores:  Flores diurnas, amarelas de até  6 cm de diâmetro.
Frutos: de diversas  cores e  formas.
B. brasiliensis Local: Cactarium
1.2- Gênero Cereus  Miller 1754





O nome deriva da palavra latina   cereus = círio ou  vela, em alusão a forma alongada e perfeitamente ereta, a semelhança de uma vela, das plantas desse gênero.
Descrição:
Plantas arbóreas ou  arbustivas muito  ramificadas. Tronco geralmente  eretos, as vezes prostados com 4 a 14 costelas, grandes e distanciadas de forma precisa (com simetria). Corpo de cor verde viçoso ao verde-escuro. Espinhos compactos e longos, sendo os centrais mais longos e mais escuros. Com variedades de cor clara, marrom-escuro ou quase preto.
Ocorrência: Do oeste da América do Norte até a América do Sul  (leste da Argentina e Brasil)
Sementes: Grandes e pretas
Flores: Flores de 20 a 30 cm, bem perfumadas, com cores que variam do branco ao rosa e vermelho profundo. Flor tubular e glaba. Uma característica típica do gênero é que após a floração, com a queda do perianto, a fruta permanece. Noturnas.
Frutos:  Frutos globosos a ovóides, carnosos, usualmente  nus, vermelhos, as vezes amarelos,  com polpa branca, raramente rosada ou vermelha, deiscentes.


Cereus sp. na forma epífita. Local: Nascentes do Telho - Jaguarão/RS



1.3 - Gênero Echinopsis  Zuccarini 1837
Gênero sul americano que engloba cerca  de 125 espécies (HOFFMANN J., 2004). Equinopsis  vem do grego "echinos" = porco espinho ou ouriço e   "opsis" = aspecto, semelhante a.  O gênero é nativo da América do Sul, particularmente  na  Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Brasil, Equador,  Paraguai  e  Uruguai. Crescem em  solo   arenosos ou  com cascalho e   em  ladeiras de cerros e  nas  fendas entre as rochas.
Descrição:
Plantas geralmente globosas, a vezes cilíndricas de até a 1 m de altura. Solitárias, podendo surgir filhotes desde a base. Costelas  continuas ou com  alguma interrupção.
Ocorrência: Do norte da Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil.
Sementes: negras com tegumento mole.
Flores:    diurnas ou noturnas, de  10 a 20 cm; cores variando do vermelho ao branco; infundibuliforme (corola com pétalas fundidas em tubo que alarga-se gradualmente da base para o ápice, parecendo um funil) ou quase  tubiformes, laterais ou  superiores.
Frutos: elipsoide,  carnosos, com  deiscência longitudinal e  pilosos.
Lightmatter cactusflower.jpg
Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Echinopsis

 
1.4- Gênero Frailea  Britton & Rose 1922
O nome deste gênero é uma  homenagem ao espanhol  Manuel Fraile, nascido em Salamanca e responsável pelas coleções de cactos do Departamento de Agricultura dos EUA ,  Washington D. C. em fins do século  XIX.
Descrição:
Pequenos cactos  esféricos. Com grande brotação. Com costelas não muito salientes.
Ocorrência:  crescem  entre rochas, perto de rios. Do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Sementes: Com de  1-2 mm; variando do castanho até o preto,  brilhantes  ou opacas, lisas, reticuladas; com ornamentação de espinhos ou poros na forma de um elmo (semelhante a um  chapéu), opacas, lisas, reticuladas; hilo relativamente grande.  Cabe salientar que a forma e ornamentação das sementes desse gênero, é usada  na sistemática para diferenciar espécie.
Flores: Flores em forma de funil, variando do amarelo ao branco esverdeado, até o marrom avermelhado. São cobertas com uma delicada penugem marrom.
Frutos: Frutos pequenos,  globulares ou ovoides, com  brácteas pequenas,  triangulares,  com cerdas  nas axilas.


Frailea sp. Local: Cactarium
 
1.5 - Gênero Gymnocalycium  Pfeiff. ex Mittler 1845
Do grego gymnos=  nu e  calyx=  cálice em referência ao  pericarpo nu.
Descrição:
Plantas robustas de pequeno a médio porte; esféricas com costelas tuberosas.
Ocorrência: Argentina, Uruguai, sul de Brasil, Paraguai e  Bolívia.
Sementes: Sementes pretas ou castanhas.
Flores: Diurnas,  campanuladas ou infundibuliforme;  nascem nas  aréolas a superiores ou centrais.
Frutos: Frutos glabros, globosos,  escamados.
 
Gymnocalycium sp. Local: Cactarium 

Em amarelo área do gênero  Gymnocalycium, na América do Sul.
 
1.6- Gênero Harrisia  Britton 1908
O nome do gênero é uma homenagem  ao botânico irlandês  William Harris (Enniskillen, 15 de novembro 1860;  Kansas City, 11 de outubro 1920) que supervisionou vários jardins botânicos na Europa e América.
Descrição:
Plantas arbustivas; raramente arborescente. Número de costelas: de 3 a 8, geralmente largas e obtusas.
Ocorrência: Caribe e América Latina (Bolívia, Brasil, Argentina e Paraguai).
Sementes: Negras, bem rugosas e  grandes.
Flores: Flores grandes, brancas, noturnas, infundibuliforme e efêmeras.
Frutos: Amarelos ou alaranjados. Indeiscentes (frutos que não se abrem espontaneamente) ou deiscente por uma rachadura longitudinal.
Harrisia balansae
Harrisia sp. Fonte:  http://www.cactuspro.com/encyclo/Harrisia


 




1.7 - Gênero Hatiora  Britton & Rose 1923
 Esse gênero, um anagrama, é uma homenagem ao  botânico Thomas Hariot.
Descrição: De hábito epífito (preferencialmente) e rupícola. Muito ramificadas e sem espinho. Porte ereto ou pendente.
Ocorrência: Matas úmidas da América do Sul.
Sementes:  De   1,5 mm compr., castanhas.
Flores: Actinomorfas, diurnas, pequenas (mais ou menos 1 cm) e amarelas, laranja ou rosa.
Frutos:  Frutos  pequenos (bagas),   levemente pentangulados, ápice truncado, 1-1,1 cm compr. e 1,1 cm larg.,  verde- amarelados; cicatriz do perianto 1 cm larg., cinza.  São apreciados por pássaros.


 

FOTO: Daiv Freeman


 
 

1.8- Gênero Lepismium  Pfeiff. 1835
Gênero  descrito pelo alemão Ludwig Karl Georg Pfeiffer  (Kassel, 4 de julho de 1805 — Kassel, 2 de outubro de 1877) que além de botânico foi médico e malacologista. Lepismium, deriva do  grego: "λεπίς" (lepis) = recipiente, escamas, apagado; referindo-se  a  forma em  que, em  algumas  espécies as flores se rompem  através  da epiderme.
Descrição:  Cactos epífitos ou  rupícolas.
Ocorrência: Brasil, Argentina e Bolívia.
Sementes: Sementes marrom  ou preta  com mais ou menos 1 mm.
Flores: Flores pequenas que surgem ao longo das folhas.
Frutos: Bagas de cor brilhante ou transparente.
 


FOTO: Daiv Freeman

 
1.9- Gênero Opuntia  (Linné) Miller 1754
O nome deste gênero deriva de opus=  capital da antiga província grega de Lócrida, onde cresciam algumas plantas espinhosas, e  foram  confundidas por   Tournefort (1700), como sendo cactáceas.
Descrição: Facilmente reconhecidos pelos seus segmentos de caule planas em forma de pá chamados cladódios que crescem um acima do outro. Os  cladódios são cobertos com aréolas que sempre têm pequenas espinhas, facilmente destacadas chamados gloquídios.  
Ocorrência: É o  gênero com maior  número de espécies (200), e o de maior amplitude de distribuição:  desde o sul do  Canadá até a  Argentina, com exceção  Hilaea e das costas de Perú e Chile.  Atualmente várias espécies se encontram aclimatadas em vários países do Velho Mundo, especialmente nas  costas do Mediterrâneo,  África do Sul e  Austrália, entre outros; sendo em muitos casos ditas como plantas daninhas por sua agressividade e em consequência,  desvalorizando grandes extensões  terras.
Sementes:  Sementes com  tegumento duro, lenhoso, rodeadas  com arilo;  a vezes com pelos, com cores que variam do esbranquiçado ao castanho claro.
Flores:  flores grandes,  tépalas numerosas, cores atrativas, fragrância leve e suave, numerosas  anteras com pólen muito nutritivo, estilete saindo do centro dos estames, estigmas pegajosos e verdes, lobos de estigmas que facilitam o pouso de insetos e ocasionalmente nectários. 
Frutos: Frutos carnosos com várias sementes.
 
Opuntia monacantha (Willd.) Haw . FONTE: http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=8326



 
1.10 - Gênero Parodia Spegazzini 1923
Gênero em homenagem ao italiano Domingo Parodi (nascido em Gênova em 1823 e morto em 1889 em Paris). Foi um dos primeiros investigadores da flora paraguaia.  Escreveu vários artigos para a  então nascente Sociedade  Científica  Argentina.
Descrição: Plantas pequenas globosas, com  costelas  definidas ou em mamilos, retos ou espiralados. Aréolas geralmente com muitos espinhos retos, arqueados ou curvos.
Ocorrência: Sul da Bolívia, Paraguai, sul e centro do Brasil e  norte de Argentina.
Sementes:  Sementes bem  pequenas em um grupo de  espécies, e  de ± 1 mm nas demais; pretas negras, lustrosas, lisas, em  forma de “casquete”, hilo  relativamente grande.
Flores: Flores infundibuliforme que nascem das aréolas centrais, com  2-6 cm.  Pericarpelo glabro ou similar ao tubo: com escamas que tem pelos lanosos e cerdas nas axilas. Perianto que pode mudar de cor, dependendo da  idade da flor. Estames com  filamentos amarelos ou as vezes rosados. O estigma em todas as espécies é pronunciada e muitas vezes é uma cor altamente contrastante com lóbulos longos que podem ser úteis para a identificação .
Frutos: Frutos pequenos, globosos, lanuginoso, de pele fina, secos deiscentes pela  base, com  perianto seco persistente.

Parodia allosiphon (Marchesi) N.P. Taylor FONTE: http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=7911



1.11 - Gênero Pereskia  Plumier ex Miller
Gênero  homenageia o astrônomo e botânico  francês conde  Nicolas Claude Fabri de Peiresc  (Belgentier, 1 de Dezembro de 1580 - Aix-en-Provence, 24 de Junho de 1637) que cultivou e escreveu vários artigos sobre cactos.
Descrição: Pereskia é  único gênero de cactos que tem folha não suculentas; não cactiformes. De porte arbustivo, podendo ter caule ereto ou trepador;  caule sempre cilíndrico, sem costelas ou mamilos.  Aréolas sem gloquídios, com uma ou mais folhas planas e grandes, com nervuras com espinhos retos ou curvos.
Ocorrência: Planta encontrada do México até a Argentina.
Sementes: Sementes negras ou castanhas escura com tegumento suave. Embrião curvo, com codilédones alongados.
Frutos: Fruto carnoso, globoso ou periforme, com  brácteas e  espinhos e cerdas (ou pelos), quando imaduros.
Flores: Inflorescências terminais, em panícula. Flores com 20–50 mm de diâmetro; pedicelo tricomatoso, 4–19 mm; perigônio branco a levemente amarelado.
 
 

Pereskia aculeata Mill. FONTE:http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=342



 

1.12 - Gênero Rhipsalis J. Gaertner, Fruct. Sem. Pl 1: 137, 1788.
O termo  Rhipsalis vem de  Rhips=  ramos de salso em alusão aos ramos delgados e   flexíveis dos  mesmos.
Descrição:  Plantas epífitas, raramente litófitas,  as vezes arbustos pendentes. Este é o  único gênero que  migrou para fora da América sem ajuda antrópica. Habita,   exitosamente,  tanto os  bosques tropicais  e chuvosos da  América como os da  África, em  forma epífita.
Ocorrência: América tropical, especialmente Brasil,  o Caribe e uma  espécie na  África tropical, Madagascar, Seychelles, Maurício, Reunião e  Sri Lanka.
Sementes:  Fruto  com   20 sementes, com tamanho de   1,2 × 0,6 mm cada.
Flores: Flores actinomorfas, pequenas, uma ou mais por  aréola. Pericarpelo glabro, com poucas escamas, fundidas ou não na aréola. Perianto rotáceo, com as peças  unidas pela  base num  curto tubo; as peças exteriores sepalóides, carnosas,  as interiores petalóides, delicadas. Ovário  globoso. Estames com inserções no  tubo ou cerca  da base das  tépalas;  anteras orbiculares; filamentos delgados. Estilo cilíndrico, adelgaçado na  base, com somente  4-5 lóbulos estigmáticos eretos o revolutos.
Frutos: carnosos e  mucilaginosos.
 

 
1.13 – Gênero Wigginsia Porter
Em homenagem  a Drª  L. Wiggins, Diretora científica do  Belvedere Scientific Fund. of  San Francisco (EUA).
Descrição:  Plantas geralmente solitárias, globosas com  um cefálio central  formado por pelos lanosos que nascem  da  aréolas floríferas. Costelas  agudas, geralmente profundas. Aréolas espaçadas com  pelos curtos, rígidos e densos tomento conspícuo,  esbranquiçado; espinhos aciculares, curtos e robustos, formando uma  cobertura pouco densa.
Ocorrência:  No sul do Brasil, Uruguai e  Argentina; uma  espécie ocorre  na Colômbia.
Sementes: XX
Flores: Flores infundibuliformes ou  quase  rotáceos ,  nascendo de aréolas centrais  modificadas: sem espinhos e com   tomento que forma um cefálio.
Frutos: Rosados ou vermelhos que emergem do cefálio ao ficarem maduros.
OBS.:  ALGUNS AUTORES INCLUEM ESSE GÊNERO EM PARODIA.


FONTEhttp://www.cactusinhabitat.org/index.php?p=specie&id=157&l=es
 
 
 
 
 




 
 



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